Tuesday, September 12, 2006

O restinho do presidente


Novamente as eleições. Eu já tinha prometido ficar de férias desse assunto, porque sofro com tanta insanidade, mas de tanto fugir é que dei de cara. E a merda é que a política envolve. Você toma partido, você se ofende com os comentários no ônibus, começa a discutir no supermercado e por aí vai! Mas percebo que a descrença tornou-se domínio público. Ninguém tem saco para esse formato antigo de política. E não é por pouco.

Hoje, uma senhora veio me dando uns conselhos ótimos no ônibus : "Eu acho engraçado que eles falam pra escolher certo, não desperdiçar o voto. Mas me diz quem acerta? Porque a gente vota tentando acertar, mas nunca dá certo. Se pudesse votava nulo pros político vê que a gente não quer eles lá!" Invejei seu discernimento!

Urubuzando

Quem jornaliza nessa época, vê cada maracutaia. No debate realizado na TV, os candidatos quase se estapeando no ar e depois riam e batiam um bom papo de amigos nos intervalos. Sem contar nas tretas mais descaradas em que eles enfiam a cara. E o vexame não fica só por conta deles. Os jornalistas me saem com umas perguntinhas mais descabidas e tendenciosas, que convenhamos, faltam pregar o adesivo da coligação para entrevistar os caras! Sejamos discretos, já que éticos....
Ontem o presidente da república apareceu por aqui. Eu, por mera curiosidade, fui cobrir. Particularmente, achei tudo muito estranho. Aquele salão de luxo, aquele mar de gente com um adesivinho lula-maguito que mais parecia uma cápsula de resfenol! Que dança de rato é essa? Lula apóia Maguito que é contra Barbosa que apóia o Lula. Comentei com um amigo que aquilo era constrangedor e ele me diz: não mais que Lula e Newton Costa. Haja estômago!

Depois de uma hora e meia de espera, ao som de um jingle de péssimo gosto (eu tôcansado de ser levado no bico, xô passarinho, o meu voto é no Maguito), um locutor de rodeio anuncia a trupe: Íris, Maguito, Tarso Genro, Ney Moura, Marta Suplicy e o presidente. O Íris abre com uma pregação eloqüente. Depois vem o Ney, personificando o caricato político de Saulo Laranjeira. Em seguida, entra a vice de Maguito, a psicóloga de auto ajuda Onaide Santillo. Eufórico, o Maguito, encarnado nele mesmo, arregaça a garganta para tentar convencer.

E para o gran finale vem o presidente, que até então estava compenetrado assinando uns papéis, de costa para a massa peemedebista, enquanto seus amigos lhe falavam. Usou os mesmos macetes: citações, frases de efeito e futebol! A coletiva foi cancelada e eu, pensando que talvez o Lula tivesse ido ao banheiro, tento sorrateiramente invadir a área vip, enquanto o jornalistas cercam o Maguito. Nem sombra de presidente. Só restou ir furtar um resto de quitutes que os candidatos haviam deixado no coffee break.

Depois dessa dose forte de politicagem, eu tenho pensado seriamente em poupar os políticos que ainda não se "adesivaram" com o poder. Temo muito em colocar esses distintos senhores na "máquina mortífera", engessada e corrompida do sistema político. Não adianta ter bom coração, caráter e governabilidade. Já dizia Frei Beto, governar não é ter poder. Então por que estragar a vida de um cidadão politicamente correto com um mandato, né não?!


Lorena Maria (repórter da tv cultura rs)

Ah, ao menos me rendeu uma matéria no portal Terra! O nome é da minha superior mas o texto é meu. Não compensa muito ir lá, mas de qulaquer forma:
http://multimidia.terra.com.br/jornaldoterra/eleicoes2006/interna/0,,OI81379-EI5767,00.html

3 comments:

Anonymous said...

é impressão minha ou política não tem graça nenhuma?

Anonymous said...

tem sem apelar

Lorena said...

eh, política é feita de impressões.....