Wednesday, November 29, 2006
Raicai Drinks
Mando aí alguns raicais com temáticas de butecos. A idéia tá aberta pra quem também se sentir inspirado por esse ambiente.
Encruzilhada.
Naipe de coração
na carta errada
Fumaça do primeiro trago,
desejos
que não falo
Torresmo.
O filé aos cães
a gordura ao beiço
Dose.
Mais uma
e serão doze
Bituca.
A alma é grande,
a vida é curta
Conversa de bar.
Só não escuto
a patroa chamar
Minha flor de lapela,
ao final da noite
nem mais uma pétala
Meu olho já envenenado - sinto muito!
Guarde seus beijos
no guardanapo
Canções de
embriaguez:
Todo mundo tem sua vez!
Nas mesas,
Serve-se de bebida
à boa vida
Espuma enfeita o copo
Bebo gelado
seu corpo
Entre o sal e
o paliteiro
Ficam presos os desejos
João Gabriel de Freitas
Tuesday, November 28, 2006
Amor de criança
A semelhança das duas, denunciava o parentesco. A mais velha parecia ter 15 anos. Sentou-se no ônibus, com a bebê no colo, naqueles bancos em que ficamos de costas para o movimento natural, assentos que na maioria das vezes são evitados por tonteira ou superstição, mas aquela menina não se importava. Encostou a testa no vidro e olhou pela janela embaçada, como se estivesse mais interessada no passado, ou ainda, como se estivesse de costas para o futuro ou andando mesmo, de ré.
Junto a seus pés ficava uma mala velha, como se fosse um cão velho, cheia de panos de prato ordinários, que logo foi chutada sem querer, ou por ignorância mesmo, por um homem gordo de rosto quadrado. Assim ela despertou e viu que a pequena se lambuzava toda com um pirulito barato comprado no terminal. Era como se ela brincasse de boneca com a pequena no colo. O cuidado de uma pela outra parecia uma brincadeira de irmã até que ouvi; “não minha filha, deixa mamãe cuidar disso”.
Wertem Nunes
Junto a seus pés ficava uma mala velha, como se fosse um cão velho, cheia de panos de prato ordinários, que logo foi chutada sem querer, ou por ignorância mesmo, por um homem gordo de rosto quadrado. Assim ela despertou e viu que a pequena se lambuzava toda com um pirulito barato comprado no terminal. Era como se ela brincasse de boneca com a pequena no colo. O cuidado de uma pela outra parecia uma brincadeira de irmã até que ouvi; “não minha filha, deixa mamãe cuidar disso”.
Wertem Nunes
A urucubaca vingou
Depois de ler esse tão sincero desabafo, sobre jovens garotos inconseqüentes e uma revista eletrônica, não posso mais guardar o que sei. Para todo mal existe uma culpa, que é a maneira de consolar e explicar quando algo não dá certo.
Quando tudo começou, as tais reuniões secretas, os esboços, o falatório, eles se esqueceram de um detalhe. Um detalhe besta, banal, sem importância. Um detalhe, pois, que lhes traria a ruína. Não por maldade ou por machismo ou por ignorância, mas porque homem não é detalhista. E a sensibilidade deles é outra. Claro que formar um clube de escritores é o sonho de todo rapaz jornalista e só essa vontade moveria (como moveu) muitas palhas. Mas, de repente, não mais de repente, o quesito faltante começou a pesar.
Primeiro porque elas, mais do que ninguém, sabem cobrar, gostam de hora marcada e tudo, e talvez isso agilizaria o processo. Depois porque clamam por atenção, por se sentirem parte ativa (e não meras colaboradoras) da idéia. Casos não se sintam assim, partem para a vingança (lembram do vudu do Cheiro do Ralo? Então.) Sem contar que elas possuem o charme intrínseco à voz e aos gestos que é capaz de convencer qualquer dono de supermercado a patrocinar uma página na internet. E por fim, porque o que seria dos escritores sem suas musas inspiradoras????
Gente, sem querer entrar na intimidade de ninguém ou revelar os surtos de solidão que ora pairam sobre vocês, o que falta (e faltou) ao projeto SÃO MULHERES!
Lorena Maria (a única e abusada criatura do sexo feminino que enfia suas coisas nesse espaço aqui)
Joselitismo:o mal do século
(sobre a experiência surreal com Bnegão)
Cedo, vou atrás dos caras. Bernardo, o Bnegão e Fábio, o produtor. Meio traumatizada com esse negócio de acordar as pessoas nos hotéis, peço que interfonem no quarto. Em pouco tempo descem os dois. Me vem a memória a fala de um amigo “ você sabe como são esses maconheiros. Vão atrasar”. E quase inconscientemente fixo no olho do negão. Não dá pra ver muita coisa por causa dos óculos retrô que ele usa. Realmente é bem largão, e as mãos são bem gordinhas. A indumentária é simples, mas o balanço quando caminha é muito próprio. Tento disfarçar a incontrolável sensação que é estar tão próxima a um artista que você curte. Fica de boa. Boca fechada. Aproximo do produtor que é mais franzino e parece menos ofensivo. O silêncio não é o meu forte e por sorte também não é o deles. Vamos falando sobre o show de Brasília, o festival daqui, ele pede para sintonizar na rádio que tocava ô simpático, funk do filme Quase dois irmãos que eu assisti umas vinte vezes, solta uns comentários bem humorados e o clima vai ficando ameno.
O programa é muito sério para uma ocasião dessas. Não supera muito minhas expectativas (mesmo porque elas são sempre maiores), mas penso que já valeu. Fico tentando decodificar as falas sobre música independente, a história da Dança do patinho, sua profecia de que a humanidade está sofrendo da doença da joselitagem, um non sense coletivo, suas piadinhas sobre músicos top top, os palavrões, as gírias. Percebo um enorme esforço dele para organizar o raciocínio, conter a onda que é intrínseca à sua pessoa. No ar, reclama que seu estômago está roncando. Parece à vontade.
Da ilha recebo um telefonema do diretor da TV(que é fã do cara) convidando para um almoço. Como ele fala muito rápido, empolgado, não entendo se ele quer fazer uma graça ou se é só para forçar amizade mesmo. Presumo que sejam as duas coisas. Por desencargo de consciência, dou um toque no produtor, “é, o cara chamou vocês para almoçar numa churrascaria aqui perto, mas sei que vocês têm que voltar para o hotel”. “Mas é patrocinado? Porque acho melhor almoçarmos por aqui”. Assumo que não entendi se ele iria bancar. Deixamos de lado a idéia, só que na espera pelo carro, a conversa foi ficando boa, pedindo uma cerveja e acabo voltando ao lance do almoço. Para nossa alegria, descubro que o “chefe” queria pagar a farra pra todo mundo. Fomos.
Bnegão começa a história do show que fez com Tony Allen, do lance de tocarem juntos. Ele realmente fala muita gíria, mas engraçado que não é chato. Falou bastante muito. Descobri que, como eu, ele não é bom com endereços e por falar nisso, nos perdemos e daí começo a me arrepender em levar os dois para esse almoço. O “chefe” do outro lado parece alto e quando nos vê chegando, começa o escândalo. “ Aaaaarh, porra, como vocês não me viram. E aí Bnegão?! Aaaaaarrhhh! Vamo descer. Como vai essa força, BÊ? Arhhhhhhh”. BÊ???? Me arrependo. O cara estava completamente embebido no álcool, de boca mole e frases dissolvidas como bem disse o Bnegão. Falava desconexamente, sobre um tal programa “bem Goiás” e da sua viagem ao Rio, e da sua história musical e disso e daquilo. De repente, implicou com o fato do ídolo não comer carne e não tomar cerveja. Vemos ali, personificada, a profecia de Bnegão.
Ele e seu fiel escudeiro ( que a essa altura já havia recebido o codinome de Fabão) se acabavam de rir, enquanto eu e uma amiga nos divertíamos com aquela situação hilária: um almoço, num muquifo, em companhia de um figurão encachaçado e os dois visitantes ilustres. Antes que a coisa piorasse, pedi um carro para nos levar ao hotel. Por fim, numa esquina do centrão de Goiânia, depois de um abraço demorado e sincero de despedida, pude perceber que tínhamos proporcionado aos caras uma fuga da rotina, um momento original que já vai virar história entre as outras do Bnegão. Tomara.
lorena maria
Monday, November 27, 2006
O silêncio das idéias
Num desses rompantes característicos da juventude em defloramento intelectual, Samir reuniu os amigos e decretou: vamos criar um site! Um site de jornalismo em que poderemos escrever sobre cultura, cinema, política e os assuntos aqui da faculdade. Sorrisos brotaram dos rostos dos comparsas. É uma grande idéia. Sim, quem sabe um dia poderemos até ganhar dinheiro com isso, arranjar alguns patrocinadores, interferir nas publicações locais, envolver outras faculdades, em suma, dominar o mundo, praguejava um dos elementos do staff, num misto de pragmatismo e sonho.
A reunião informal se prolongou por mais tempo que esperavam, ali, num dos quadrados de concreto da faculdade. Colunas começaram a ser definidas: “posso escrever sobre isso!”, “vou falar daquilo!”, “não, peraê, cinema e literatura todo mundo quer, né?!” Tá, tá, a gente faz um cronograma de publicação, podemos colocar mais de um texto sobre um mesmo filme, porque não?. E podemos falar de política na segunda, da faculdade na terça, do cinema na quarta, da literatura na quinta, publicar uns contos na sexta e ainda preparar textos especiais sobre grandes personalidades para os finais de semana.
As idéias pulsavam das seis, oito cabeças ali presentes. Sentiam-se geniais só de querer.
Samir servia como um mediador. Acatava uma sugestão. Passava outra pelo sufrágio do grupo. Ponderava opiniões e batia o martelo nos momentos de conflito - “ordem nessa putaria!”. Exercia de maneira informal o papel de editor da futura publicação e já vislumbrava sua fotinha, no departamento “quem somos”, com o rosto sério e o e a cabeça apoiada pelo braço na mesa, com o punho fechado ao queixo, no melhor modelito grandes jornalistas da história.
“Tá, mas e o nome?”, disse um. Dilema. Mil e uma idéias. Minutos tensos de discussão até que chegaram a uma conclusão. Massa!
Agora vamos lá, junta a grana para pagar o provedor, afinal, queremos um site. “Pega logo o de maior espaço, a parada vai ser multimídia, com links interligando imagens, entrevistas em áudio, e logo, logo, vídeos também”, exaltava-se Samir e eriçava os sofridos pelos da cabeça. “Põe nosso amigo da escola pra trabalhar, aí, meu. Enquanto isso vamos escrevendo. Adiantar uns textos, umas crônicas“. Tínhamos pressa de algo que não entendíamos como isso ainda não havia sido feito.
Passa-se uma semana da reunião orgasmática. “Tamo enrolado em galera, vamos botar gás nisso“. De um lado os preços e possibilidades. De outro os primeiros esboços do grande valor da rapaziada: o conteúdo das cabecinhas, quase todas cheias de pelo.
Passam-se mais semanas, passam-se meses. Pobre amigo da escola, ainda hoje tem dividas a receber do site que nunca chegou a entrar no ar. Aos poucos, o assunto passou a ser comentado apenas à boca miúda, vez ou outra alguém retomava a discussão, em rompantes de revolta. Mas nada se comparava à cobrança dos conhecidos, devido à propaganda insistente, mesmo com o projeto apenas flutuando pelas cabeças: “E aquela parada lá de vocêis? Sai ou não sai?”, não cansavam de perguntar. O projeto morreu pela boca. Um ou dois textos. Quatro ou cinco reuniões aqui e acolá. Algumas cervejas e bloqueios intelectuais. “Tô travado!”, dispara Samir. Baque na galera. Seria o fim?
Projetos pessoais foram levados adiante e por fim uma nova confluência: vamos fazer um blog, porra! Vamos parar de falar e criar essa merda logo. Podemos fazer isso, aquilo, aquilo outra e ainda manter isso aqui. De novo, pouco das idéias sobraram. O blog foi criado e ainda a passos lentos.
Uma das políticas iniciais, de ter colaboradores, transformou-se numa diretriz: sem eles, pouco haveria.
Samir, por sua vez, nunca escreveu um texto. Ou mesmo os comentou.
Pedro Palazzo Luccas
João Gabriel de Freitas
A reunião informal se prolongou por mais tempo que esperavam, ali, num dos quadrados de concreto da faculdade. Colunas começaram a ser definidas: “posso escrever sobre isso!”, “vou falar daquilo!”, “não, peraê, cinema e literatura todo mundo quer, né?!” Tá, tá, a gente faz um cronograma de publicação, podemos colocar mais de um texto sobre um mesmo filme, porque não?. E podemos falar de política na segunda, da faculdade na terça, do cinema na quarta, da literatura na quinta, publicar uns contos na sexta e ainda preparar textos especiais sobre grandes personalidades para os finais de semana.
As idéias pulsavam das seis, oito cabeças ali presentes. Sentiam-se geniais só de querer.
Samir servia como um mediador. Acatava uma sugestão. Passava outra pelo sufrágio do grupo. Ponderava opiniões e batia o martelo nos momentos de conflito - “ordem nessa putaria!”. Exercia de maneira informal o papel de editor da futura publicação e já vislumbrava sua fotinha, no departamento “quem somos”, com o rosto sério e o e a cabeça apoiada pelo braço na mesa, com o punho fechado ao queixo, no melhor modelito grandes jornalistas da história.
“Tá, mas e o nome?”, disse um. Dilema. Mil e uma idéias. Minutos tensos de discussão até que chegaram a uma conclusão. Massa!
Agora vamos lá, junta a grana para pagar o provedor, afinal, queremos um site. “Pega logo o de maior espaço, a parada vai ser multimídia, com links interligando imagens, entrevistas em áudio, e logo, logo, vídeos também”, exaltava-se Samir e eriçava os sofridos pelos da cabeça. “Põe nosso amigo da escola pra trabalhar, aí, meu. Enquanto isso vamos escrevendo. Adiantar uns textos, umas crônicas“. Tínhamos pressa de algo que não entendíamos como isso ainda não havia sido feito.
Passa-se uma semana da reunião orgasmática. “Tamo enrolado em galera, vamos botar gás nisso“. De um lado os preços e possibilidades. De outro os primeiros esboços do grande valor da rapaziada: o conteúdo das cabecinhas, quase todas cheias de pelo.
Passam-se mais semanas, passam-se meses. Pobre amigo da escola, ainda hoje tem dividas a receber do site que nunca chegou a entrar no ar. Aos poucos, o assunto passou a ser comentado apenas à boca miúda, vez ou outra alguém retomava a discussão, em rompantes de revolta. Mas nada se comparava à cobrança dos conhecidos, devido à propaganda insistente, mesmo com o projeto apenas flutuando pelas cabeças: “E aquela parada lá de vocêis? Sai ou não sai?”, não cansavam de perguntar. O projeto morreu pela boca. Um ou dois textos. Quatro ou cinco reuniões aqui e acolá. Algumas cervejas e bloqueios intelectuais. “Tô travado!”, dispara Samir. Baque na galera. Seria o fim?
Projetos pessoais foram levados adiante e por fim uma nova confluência: vamos fazer um blog, porra! Vamos parar de falar e criar essa merda logo. Podemos fazer isso, aquilo, aquilo outra e ainda manter isso aqui. De novo, pouco das idéias sobraram. O blog foi criado e ainda a passos lentos.
Uma das políticas iniciais, de ter colaboradores, transformou-se numa diretriz: sem eles, pouco haveria.
Samir, por sua vez, nunca escreveu um texto. Ou mesmo os comentou.
Pedro Palazzo Luccas
João Gabriel de Freitas
Thursday, November 23, 2006
Jesus mata
Mais um malandrão histórico com o pé na cova. Desde segunda-feira o ator Jece Valadão permanece internado numa UTI em estado grave, devido uma insuficiência respiratória.
Tal fato passa a confirmar o grau de periculosidade em ações no final da vida, quando neguim passa a ver Jesus, mesmo tendo conduzido todo o resto de sua vida no grau máximo de desregramento. Muitas vezes o chamado por Jesus acaba sendo tão forte e comovente, que Ele acaba atendendo antes do esperado.
Caso desses bem ilustrativo aconteceu no começo de 2005. Ninguém mais do que Bezerra da Silva decidiu se converter e virar evangélico. Bezerra tentou emplacar e salvar a própria pele dando uma de malandro de Deus e o seu último trabalho, já em pré-produção e que felizmente não chegou a ser lançado, abordaria a vida com boas mensagens além conter alguns sambas religiosos. Deu no que deu, e o malandro acabou virando erva mais cedo que o esperado.
Jece Valadão seguiu na mesma linha. Foi um dos grandes atores da época áurea do cinema brasileiro. Conseguiu imprimir um estilo próprio, o "Valadão Style", quando o assunto era deflorar as cocotas que viriam a ser as musas sagradas da TV brasileira. Mas não só de putaria viveu Jece Valadão, o cara também fez brotar gemas rococós em filmes policialescos. Um verdadeiro Charles Bronson que, ao invés de matar punks para vingar a esposa asassinada, descarregava sua raiva em cima dos broncos que não possuiam a sutileza na hora do trato de uma rapariga.
Em plena produção da Boca do Lixo, de onde surgiram comedores do naipe de Davi Cardoso, Nuno Leal Maia e Paulo César "eu te amo, porra!" Pereio; Valadão conseguiu se firmar na alcunha do MAIOR CAFAJESTE DO CINEMA NACIONAL.
Nos últimos anos, com mais de sententa pesando nas costas e já vislumbrando o rabo do capeta, Jece resolveu atacar de pastor. Abraçou a bíblia fervorosamente e já havia autorizado a produção de uma película retratando toda sua conversão. Novamente a providência divina interviu antes, e o clamor de Jece parece ter repercutidonas esferas divinas, que agora o querem para ser um dos seus.
João Gabriel de Freitas
Monday, November 13, 2006
Poeminha Pruma Época de Extrema Exarcebação Sexual
Eu também gosto
de permissividade,
Garotada.
Mas, aqui entre nós,
E na alminha
Não vai nada?
Millôr Fernandes
Irônico que tenha visto este poema depois de ter passado uma noite suja com cinco pessoas, entre copos, cigarros e acusações. Voltamos todos pra casa, imagino, e a cabeça cheia de tanto falar. Dos outros, suas histórias e a nossa como fica? Se demo-nos por tão puco, onde a gente estava que não aproveitamos nada?
Ah, e contiunua valendo o pacto de silêncio!
lorena maria
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