Friday, September 01, 2006

Poemas para determinados instantes

No outro dia

A fumaça ainda na garganta.
O álcool ainda na saliva.
A boca quente, os olhos pálidos,
Cheios de lágrimas que não caem.
Tudo dormente. A alma pesa,
Presa ao corpo sujo.
Doem os músculos.
Os cheiros vêm, as cenas passam.
Tudo suspenso no ar.
Tudo deseja não acordar

Térreo
Desencontrada.
Sem chão de estrelas,
nem ponte, nem lona. Despejo.
Perdida em todas as esquinas.
Indigente de si mesmo.
No espelho, o que vê são outras
Chega o frio, enrijecendo o riso.
Cada dia mais rouca.
Na rua, a voz não ecoa.
Sobras do passado não se requentam.
Lorena Maria
(ou quem sabe um pseudônimo?)

3 comments:

Pedro Palazzo Luccas said...

acho legal que 'os trem' não passem. é interessante pensar em coisas suspensas no ar, que poderiamos recolher e contemplar quando quisessemos.

Anonymous said...

Em casos assim, só resta passar um tempo divorciada de si mesma. Um auto-exílio voluntário!

Pororoquinha said...

considerando o passado esse segundo que passou, estou sentindo tudo isso agora...