A semelhança das duas, denunciava o parentesco. A mais velha parecia ter 15 anos. Sentou-se no ônibus, com a bebê no colo, naqueles bancos em que ficamos de costas para o movimento natural, assentos que na maioria das vezes são evitados por tonteira ou superstição, mas aquela menina não se importava. Encostou a testa no vidro e olhou pela janela embaçada, como se estivesse mais interessada no passado, ou ainda, como se estivesse de costas para o futuro ou andando mesmo, de ré.
Junto a seus pés ficava uma mala velha, como se fosse um cão velho, cheia de panos de prato ordinários, que logo foi chutada sem querer, ou por ignorância mesmo, por um homem gordo de rosto quadrado. Assim ela despertou e viu que a pequena se lambuzava toda com um pirulito barato comprado no terminal. Era como se ela brincasse de boneca com a pequena no colo. O cuidado de uma pela outra parecia uma brincadeira de irmã até que ouvi; “não minha filha, deixa mamãe cuidar disso”.
Wertem Nunes
Tuesday, November 28, 2006
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6 comments:
Quem foi o burro analfabeto virtual que publicou esse texto sem assinar? Calma ai galera fui eu mesmo, Wertem Nunes. Me perdoem, mas esqueci, prometo que da próxima(se houver depois de já entrar dando ratas hahah) vez assino. Mas é pq eu sou é doido mesmo. Falou
Preocupa não, ciatura. Sofro do mesmo mal. Acho que é a sensação de que aqui tudo é de todo mundo e viva a orgia textual!
Fala Wertem! Grande sumiço, grande retorno.
Belo texto,
suspeitissíma para elgogiar...
Eu adorei.Parabéns e escreva mais vezes.
Analfabetismo sanado.
Filhote, imagina: o que há de mais interessante que pequenos recortes urbanos?
textos dinâmicos que refletem em si um pouco da sociedade.
Valeu!
Grande Werten! Lembrei das nossas longas viagens de Tati rumo ao Campus, no primeiro ano. Boas conversas as nossas! Ótimo texto!Parabéns!
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