Goiânia – Salvador. Retirantes no sentido contrário na caranga branca do tio Ari. Seriam estudantes indo para um Encontro de Comunicação, não fosse o espírito “viagem com a galera da facu”. A intenção faz toda a diferença. Mas fomos. Um grupinho um tanto quanto heterogêneo, abarcando desde alguns supostos jornalistas até uma trupe de calouras que vamos combinar. Esquece. Logo na ida, a desarmonia musical já causou algumas divergências. Confesso que meu ouvido não é capaz de aturar “fuca na butuca” nem no pior estado de embriaguez. Mas, entrou na chuva... E como se não bastasse, as pessoas com um pouco mais de senso não levaram música suficiente para as vinte e oito horas de chão. Dá-lhe Ray Charles e Jack Johnson. Sobrevivemos e por fim, chegamos à universidade, situada a menos de cem metros da praia. Fomos assistir ao nascer do sol em cima de uma pedra da Barra. Depois desse episódio comecei a ser outra pessoa. E já no primeiro dia do evento, a organização facilitou nossa desistência. Então nos restou o duro ofício de conhecer o que a Bahia ainda tem.
Nesse tipo de viagem alguns momentos fazem valer a pena todo sacrifício. Valem a penúria da convivência em grupo (pelo bem coletivo e pelo mal próprio). Valem o constrangimento da intimidade forçada, do banho quase unisex, os roncos, valem a vontade de mijar ao menos um dia sentada e defecar em algum lugar que não pareça banheiro químico. Valem aquela fila de restaurante popular na hora do almoço, valem tomar um café que mais parece feijão servido com batata doce.
São momentos que compensam tudo, como encarar aquela imensidão desconcertante que é o mar, olhar seu encontro com o céu e não saber nem pensar nada. Momentos como topar com uma batucada baiana nas ruas do Pelourinho, ver de perto aquelas mãos que tocam o repique e o timbau num prazer que o corpo quer a qualquer custo e daí, não conseguir recusar os passos. Entrar por acaso num espaço dançante e testemunhar um bolero tocado ao vivo para os senhores e senhoras se acabarem de dançar. Melhor ainda: estar só com mais três amigos...ê sorte! Experimentar aquelas doses de pingas exóticas e afrodisíacas. Andar pelas ruas à toinha, e achar um café todo charmoso com uma decoração cabulosa e um capuccino baratinho. Momentos de conversas, de restauração de amizade que havia se tornado rotina.
Embora o Elevador Lacerda tenha decepcionado um pouco, o episódio do Gatorade foi impagável. É que nosso companheiro não sabia que os pedintes de Salvador têm uma maneira educada de pedir as coisas. “Me dá um gole, tio?” fica melhor que pedir logo tudo. Mas nosso companheiro levou a sério a sutileza do menino. Entregou a garrafa, esperando só o gole. Tinha acabado de comprar. O menino pegou a garrafa, virou as costas e saiu tomando de glut glut, enquanto a gente assistia a cena, vendo nosso amigo esperando não sei o quê, com uma cara de mané passado para trás por um moleque de pouco mais de 1m.
Alguns não viram. Ainda bem. Sorte minha e dos quatro seres chapados que estavam comigo. Bebi tanto que encontrei até cabimento em dar uma estrela de vestido, no meio da chuva, na pista de dança. Realiza a cena desta pessoa neste gesto olímpico. É, eu também não consegui.
Outro momento memorável foi nosso desabafo coletivo no Bar do Paredão. Haja saco para aturar certas coisas. Quem não estava ou não ficou até o final pode se preocupar, porque com certeza seu nome entrou na roda das línguas felinas. Fizemos uma espécie de Big Brother de verão e colocamos na mesa quem nós achávamos que eram dispensáveis no coletivo, seja pela falta de interação, seja pelo excesso de participação. Incrível eram os argumentos e a capacidade que temos de dissimular o que pensamos das pessoas. Também não foi só veneno, fizemos elogios às pessoas que mereciam.
Afinal, nessas viagens, a presença de algumas pessoas é de suma importância. Não teria a mesma graça sem a presença espontânea de Zetinha, o terror dos moradores de Salvador. Ela tornou os ônibus coletivos um verdadeiro trio elétrico com batuque e tudo. Imagine você entrar no buzão, numa bruta segunda feira, depois do expediente e deparar com um singelo grupo de trinta pessoas cantando e dançando Tchaco, eu tô em cima eu tô em baixo, Piririm pom pom, piririm pom pom é Goiás no Enecom. Ou viajar ao lado de um fanho que vai cantando a musiquinha da pamonha vai pamonha, vai cural. É no mínimo engraçado. Melhor que isso só pegar um taxista que, para lá de meia noite, arruma ânimo para curtir um mambo em ritmo de batuque. E enquanto o som do carro mandava ver no volare, ôô, cantare, ôôôô o motorista se divertia no zigue zague e nas ultrapassagens. Atrás, outro grupo viajava ao som do badalo do negão. Deu até para criar um filme erótico de Emanuelle em Salvador com o título: Emanuelle e o badalo do negão. Criação do João, outra pessoa que tem umas tiradas muito bem vindas. A da fotografia foi a melhor. Não vou citar um por um, mas valeu aqueles que fizeram essa saga de retirantes compensar. Ah, não podia esquecer do último instante da viagem. A gente queria de verdade ver o oco, mas suspeito que as pessoas não entenderam o gesto. De quaquer modo, essa é a minha galera!!!
Nesse tipo de viagem alguns momentos fazem valer a pena todo sacrifício. Valem a penúria da convivência em grupo (pelo bem coletivo e pelo mal próprio). Valem o constrangimento da intimidade forçada, do banho quase unisex, os roncos, valem a vontade de mijar ao menos um dia sentada e defecar em algum lugar que não pareça banheiro químico. Valem aquela fila de restaurante popular na hora do almoço, valem tomar um café que mais parece feijão servido com batata doce.
São momentos que compensam tudo, como encarar aquela imensidão desconcertante que é o mar, olhar seu encontro com o céu e não saber nem pensar nada. Momentos como topar com uma batucada baiana nas ruas do Pelourinho, ver de perto aquelas mãos que tocam o repique e o timbau num prazer que o corpo quer a qualquer custo e daí, não conseguir recusar os passos. Entrar por acaso num espaço dançante e testemunhar um bolero tocado ao vivo para os senhores e senhoras se acabarem de dançar. Melhor ainda: estar só com mais três amigos...ê sorte! Experimentar aquelas doses de pingas exóticas e afrodisíacas. Andar pelas ruas à toinha, e achar um café todo charmoso com uma decoração cabulosa e um capuccino baratinho. Momentos de conversas, de restauração de amizade que havia se tornado rotina.
Embora o Elevador Lacerda tenha decepcionado um pouco, o episódio do Gatorade foi impagável. É que nosso companheiro não sabia que os pedintes de Salvador têm uma maneira educada de pedir as coisas. “Me dá um gole, tio?” fica melhor que pedir logo tudo. Mas nosso companheiro levou a sério a sutileza do menino. Entregou a garrafa, esperando só o gole. Tinha acabado de comprar. O menino pegou a garrafa, virou as costas e saiu tomando de glut glut, enquanto a gente assistia a cena, vendo nosso amigo esperando não sei o quê, com uma cara de mané passado para trás por um moleque de pouco mais de 1m.
Alguns não viram. Ainda bem. Sorte minha e dos quatro seres chapados que estavam comigo. Bebi tanto que encontrei até cabimento em dar uma estrela de vestido, no meio da chuva, na pista de dança. Realiza a cena desta pessoa neste gesto olímpico. É, eu também não consegui.
Outro momento memorável foi nosso desabafo coletivo no Bar do Paredão. Haja saco para aturar certas coisas. Quem não estava ou não ficou até o final pode se preocupar, porque com certeza seu nome entrou na roda das línguas felinas. Fizemos uma espécie de Big Brother de verão e colocamos na mesa quem nós achávamos que eram dispensáveis no coletivo, seja pela falta de interação, seja pelo excesso de participação. Incrível eram os argumentos e a capacidade que temos de dissimular o que pensamos das pessoas. Também não foi só veneno, fizemos elogios às pessoas que mereciam.
Afinal, nessas viagens, a presença de algumas pessoas é de suma importância. Não teria a mesma graça sem a presença espontânea de Zetinha, o terror dos moradores de Salvador. Ela tornou os ônibus coletivos um verdadeiro trio elétrico com batuque e tudo. Imagine você entrar no buzão, numa bruta segunda feira, depois do expediente e deparar com um singelo grupo de trinta pessoas cantando e dançando Tchaco, eu tô em cima eu tô em baixo, Piririm pom pom, piririm pom pom é Goiás no Enecom. Ou viajar ao lado de um fanho que vai cantando a musiquinha da pamonha vai pamonha, vai cural. É no mínimo engraçado. Melhor que isso só pegar um taxista que, para lá de meia noite, arruma ânimo para curtir um mambo em ritmo de batuque. E enquanto o som do carro mandava ver no volare, ôô, cantare, ôôôô o motorista se divertia no zigue zague e nas ultrapassagens. Atrás, outro grupo viajava ao som do badalo do negão. Deu até para criar um filme erótico de Emanuelle em Salvador com o título: Emanuelle e o badalo do negão. Criação do João, outra pessoa que tem umas tiradas muito bem vindas. A da fotografia foi a melhor. Não vou citar um por um, mas valeu aqueles que fizeram essa saga de retirantes compensar. Ah, não podia esquecer do último instante da viagem. A gente queria de verdade ver o oco, mas suspeito que as pessoas não entenderam o gesto. De quaquer modo, essa é a minha galera!!!
lorena maria
8 comments:
Cara, consegui falar mais que o Gil...mas fiquem a vontade para cortar. Vcs fazem parte do contexto mesmo....
Que ninguém corte. Só falta vc acrescentar seu nome, Lorena Maria.
O texto me fez ver que a viagem foi melhor do que eu me lembrava.
Valeu!
Pedro
bacana!
deu pra se sentir lá!!!
Porra Lorena! Disse tudo, tudo mesmo! cara eu sou feliz por ter conhecido vocês!!!
loris ficou mto bom!!!
saudade de tdo!!!
eita, bom demais relatar experiencias como essas, principaklmente qdo estamos com nossos amigos. Sentir Salvador como turista é bem turbulento. A Cearense aqui tb curtiu a Bahia com td que tem direito. Quero conhecer Goiania, como diz o Joaao Gabriel, p/ dar um rolé pelo corujao e sentir a cidade de vcs. bjao Valeu gente
www.grupotrema.blogspot.com
Todos tenemos un gusto diferente en la música
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